sexta-feira, 30 de outubro de 2009

comentários desagradáveis


Há alguns dias atrás, um amigo encheu meu saco para que eu comprasse uma revista pornográfica, dizendo que a ‘revista’ era boa. E eu me neguei a comprá-la, claro. Mais por falta de dinheiro do que de interesse. E toda essa situação me lembrou dos meus tempos de moleque, onde pornografia era o que fazia a garotada festejar.

Quando alguém aparecia com uma revistinha em quadrinhos pornô era um alvoroço, somente superado pela antiga fita VHS pornô! Essa sim fazia os olhos brilharem, e pernas e mãos ficarem bambas no banheiro. E era mais fácil arrumar um filme pornô do que uma revista Playboy, por exemplo.

Quando alguém conseguia uma VHS, meu Deus! Todos os amigos ficavam sabendo, e claro, querendo ver à fita. E pra ver o bendito filme, juntávamos de três a cinco moleques num mesmo recinto. Vai vendo a merda... E tudo começa já no início do filme. Logo após um complicado diálogo filosófico, beirando Nietzsche e Kafka, sobre o perspectivismo e o existencialismo, entre os protagonistas, a exemplo: ele fala – “Eu vou comer o seu cu!”, e ela responde – “Mas só depois que eu mamar no seu pau!”.

Depois do diálogo dos atores, vem o dos telespectadores. Um comentário pior do que o outro. E existem tipos de ‘comentaristas’, tem aquele que quer ser o experiente: “Até que essa mulher aí nem é tão gostosa assim... Já vi melhores!”. E você pensa: “Hah! Só se você estiver falando da sua mãe! E mesmo assim, eu acho que ela se parece mais com o cara...”.

Tem também os detalhistas, que reparam cada centímetro da anatomia feminina: “Nunca vi uma bucetinha tão bonita! Toda perfeitinha!”. E novamente você: “Concordo que você nunca tenha visto uma!”. O detalhista pode ir além: “Porra! O cu dela é lago, ein?!”. E tem mais, quando começam a questionar ‘tamanhos’, sempre tem um besta vira e solta: “Porra! Olha o tamanho do pau desse maluco! Até deu inveja...”.

Ok. Vamos lá. Não é que ninguém tenha reparado o pau do cidadão, o que, por sinal, é impossível. O problema é reparar e espalhar pra Deus e o Mundo que você reparou. É pedir pra ser sacaneado! E os comentários dependem muito da pessoa. Quando se é garoto, os comentários normalmente fazem referência à punheta que você vai tocar depois de ver o filme, agora imaginem um dermatologista vendo e comentando o filme: “O que é aquele negócio redondo e marrom na bunda da mulher?”, e o amigo responde: “O cu?!”.

No meio do filme o cara para pra fazer um diagnóstico? Haja paciência... A única certeza é que ninguém vai falar sobre o que acontece no filme ou como ele termina, afinal, basta ver um para entender a lógica. Primeiro os atores fazem todas as posições possíveis do Kama Sutra, e depois tem um que termina gemendo e o outro que termina gozado. Simples assim.